sexta-feira, 18 de setembro de 2009


Sákpátá 

é o nome de um grande vòdún relacionado a terra, a saúde e ao ocultismo. Também é o nome de um dos pantões da família Dàn gbírá. Muito são os mistérios relacionados a essa divindade e, da mesma forma que acontece com muitos òrísás e vòdúns, sua história é deturpada e passada assim de geração em geração. Pertencem ao panteão Ákòsí Sákpátá os vòdúns relacionados a terra de alguma forma, sejam do sexo masculino ou feminino. O mais conhecido chama-se Sákpátá, filho de Nànà. Segundo seus ítàns, Sákpátá nasceu com corpo coberto de chagas e teria sido abandonado por Nànà no rio, segundo as lendas para poupar sua própria vida pois, devido a doença, havia sido jurado de morte, com o propósito de evitar que a varíola fosse espalhada para os habitantes das terras de Dáhòméy. Alguns contam que, o estado de saúde de Sákpátá piorou muito pois, no rio peixes de água doce e carangueijos mordiscaram sua carne. Sákpátá foi encontrado por Yèmònjá que o criou,o ensinou a caçar, a sobreviver e o nomeou de Sàpànàn(lê-se Xapanã). Mais tarde, foi coberto de màríwò por Ògún com o propósito de esconder sua aparência. O máríwò com o tempo secou e se tornou palha da costa. Sákpátá, agora chamado de Sàpànàn, logo começou a se intereçar pela medicina, aprendendo com Òsànýn o poder das ervas e, transformando-as em remédios para curar os enfermos. Sua aparência ainda assustava e era um certo tabú onde chegava, sendo mal recebido em muitos povos. Quando irritado, Sàpànàn castigava as cidades com pestes e pragas, mostrando toda sua fúria e poder. Ele caminhou por muitos territórios e, logo seu nome ficou conhecido, por curar os enfermos, se tornando um renomado curandeiro. Passou a ser chamado então de Ògbáòlúáíyè, o rei que caminha sobre a terra. Ògbáòlúáíyè ou simplismente Ògbálúáè, sempre foi muito tímido e recatado, devido a sua aparência e a forma como normalmente era tratado pelos aldeãos. Certo dia, sentiu fome, e foi atraído até uma grande festa em uma aldeia. Lá, entrou escondido e foi logo para o local onde ficava guardado os alimentos. Òyá, divindade guerreira que comanda os ventos e tempestades, muito curiosa ao ver aquele ser, coberto de palhas entrando escondido, foi ao seu encontro e o levou até onde estavam todos os convidados. Lá, com uma forte ventania formada com o seu bailar e com o sacudir de sua saia, levantou o ázè(capuz de palha) de Ògbálúáè e para o espanto de todos, suas feridas já haviam saradas e, ali se apresentava um lindo homem. Em outras lendas, ao levantar o capuz de palha, suas feridas se estouraram e se transformaram em dègbúrú(pipoca), deixando esse ítàn com uma aparência mais mística. Òyá se tornou a primeira esposa de Ògbálúáè e em troca, Ògbálúáè ensinou Òyá a ter domínios sobre os mortos(Ègún). Mais tarde, Ògbálúáè sentiu necessidade de voltar a Dáhòmèy, sua cidade natal e lá não foi reconhecido pois, todos achavam que ele era o filho de Sákpátá e não o próprio, sendo chamado de Òmóòlú que significa o filho do senhor. Logo, Sákpátá, Ògbáòlúáyè, Sápànàn e Òmóòlú são apenas diversas formas de nomear uma mesma divindade. Sákpátá é vòdún e òrísá pois, trata-se do mesmo deus em territórios diferentes, tendo sua origem em Dáhòméy e toda sua história de vida na Nigéria. Seu domínio sobre o mundo dos mortos é íntegro, sendo ele o senhor do desencarne. É o deus da humildade, regendo todos os desprovidos de riqueza porém ricos de espírito. Seu poder é muito presente na sociedade e dentro do candomblé muito são seus mistérios e mitos. Para os mais antigos, pronunciar seu nome sem tocar o chão é um sinal de desrespeito, podendo causar a fúria dessa divindade. Dentro das casas de djèdjè, os vòdúns da família Sákpátá são responsáveis pela doutrina e por toda a organização do ásé. São eles que normalmente cobram o neófito caso aja de forma incoerente as regras. Um vòdún muito conhecido dentro do ásé djèdjè é Ázànsú(chamado por alguns de Ázònsè ou Ájúnsún), filho de Nànà e tido erroneamente como variação de Sákpátá. Ázànsú tem história e culto próprio, sendo um dos vòdúns mais velhos do panteão Ákòsí Sákpátá e consequentemente da família Dàn gbírá. É pai de Íyèwá e irmão de Gbèsén, com quem é muito ligado. Outros vòdúns conhecidos dessa família são Tóy Ákòsú(um dos mais velhos, que em transe se mantém deitado na zàn), Tóy Ágbròjéví (filho de Tóy Ákòsú), Ázáwàní ( caçador que mora nas matas, jutamente com Águé, Otòlú e Ázáká), Ávímájì (tido por muitos como um vòdún feminino muito ligado á Íkú), dentre outras divindades. Possui como símbolo e artefato o Sásárá, tipo de cetro feito de palha da costa, usado para controlar os mortos, lançar pragas e pestes e também curar. Seu principal colar é o lákídígbá, feito de chifre de búfalo, representando a eminência, a elevação e o podre divino. Todos os vòdúns desse panteão são sérios, não gostam de barulho nem fogos de artifício; cada um possui exclusividades em suas oferendas, não tendo um padrão. Dentro das casas de Álákètú, existe um ritual chamado òlúgbájé, onde são feitas diversas oferendas em homenagem ao deus da terra com o propósito de manter a saúde, a força vital dentro das casas e livrar de todas as energias vinculadas à ìkú, de certa forma alimentando-a e respeitando-a pois, seu poder é eminente e ninguém passa por ágbé(vida) sem passar por Íkú(a morte). É cultuado no Brasil em todo mês de agosto, onde todas as casas fazem rezas e se resguardam em homenagem a essa grande divindade.
Devido a sua passagem pela Nigéria, acabou por ter variações ou qualidades.
Sákpátá ou Ògbálúáè tem como principais qualidades:
*Íntòtò- Nessa variação seu poder é temído por todos. Segundo os mais antigos seu nome não deve ser pronunciado. Na África, antigamente, recebia sacrifícios humanos pois, trata-se de um òrísá antropófago. É tido por alguns como òrísá a parte, assimilado ao culto de Sákpátá por possuir características em comum. Essa divindade não é mais iniciada em ninguém nos dias de hoje devido a seus mitos e tabus. Representa o desencarne, a putrificação dos corpos e o interior da terra;

*Ájágún- Trata-se de um òrísá a parte coligado a cultura de Sákpátá. É muito guerreiro e extremamente ligado aos ègúns. Veste branco e os mais velhos o assimilam com ao culto aquático, regendo todos os espíritos que desencarnaram em acidentes no oceano. Muito ligado à Òsáàlá e Yèmònjá;
*Áfómàn- Variação de Sákpátá relacionado as doenças infecciosas. Muito perigoso e respeitado. Senhor de todas ervas trepadeiras. Rege os vasos sanguíneos do cérebro, sendo responsável pela irrigação do mesmo e de seu bem estar;
*Sàpánàn- Coligado à Èsú e a Òsànýn. Nessa variação, Sákpátá tem muita ligação com o elemento fogo e com o calor da terra. Mora nos vulcões e é o senhor do mágma e da lava. Castiga a humanidade com terremotos;
*Ámòròní- Nessa fase, é coligado á Òsúne Yèmònjá. Rege toda a água do organismo, sendo
o senhor das inflamações e do pus. Tem como propriedade o fluxo menstrual e a formação do feto em seu primeiro mês. Divindade da placenta e dos órgãos internos como fígado, rins, pulmão, etc.
*Ázáwàní- Trata-se de um vòdún a parte e não uma qualidade de Ògbálúáè. Vive nas matas e é um exímio caçador. Aprendeu o domínio das ervas com Águé, transformando-as em remédios. Rege também as ervas em estado de putrificação e curtidas, sendo de certa forma o senhor do Ágbò, junto á Àgué. Tem muitas ligações com as íyámí, vesindo palha da costa vermelha em algumas casas;
*Ázànsú- Assim como Ázáwàní, não é uma qualidade de Ògbálúáè e sim um vòdún a p
arte. É o pai de Íyèwá, sendo ele a divindade do tempo, das estações do ano e do culto a terra. Senhor dos ásés dos animais sacrificados e do interior da barriga do ser humano, regendo o intestino e todo o sistema digestivo. Deus das transformações, muito coligado a Nànà e Gbèsén.

Saudação: Átòtò!
Sincretismo: São Lázaro e São Roque;
Oferendas: Feijão preto, dègbúrú, etc;
cor: Preto, branco e vermelho;preto e branco;
Elemento: terra;
Número: 7(sete) e 13(treze);
òdú regente: òdí e òdílògbàn;
Algumas ervas: cana-do-brejo, canela de velho, erva-de -passarinho, mamona, etc.
Dia da semana: Segunda-feira.




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