quinta-feira, 19 de maio de 2011


Òíyá
Em sua essência, Òíyá seria o inicio do culto aos mortos, a ligação entre o òrún e o áíyè e a metamorfose do homem em ancestral, trazendo para os seres humanos a aceitação pós morte e o contato entre vivos e desencarnados. Segundo os mitos iorubás, òíyá era um amazona guerreira, filha de íyèmònjá e esposa de ògún. Auxiliava Ògún em sua forja, na construção de armas de guerra e ferramentas de trabalho. Depois teria seu coração roubado por Sàngò o òrísá do trovão, largando ògún e indo morar com o grande rei, se tornando sua esposa. A maioria das lendas de Òíyá, sempre põe-na como coadjuvante, esposa de algum òrísá e apartir dele tendo alguma importância ou função. Segundo os mais velhos (variando de casa para casa) òíyá teria se envolvido com Èsú, Òdé, ògún, òmòlú e Sàngò e com cada um aprendeu alguma técnica, aumentando seu poder e ajudando a transformar Òíyá nessa divindade na qual conhecemos e cultuamos nos dias de hoje. Mas, apartir da união de Òíyá com Sàngò toda sua história muda e Òíya deixa de ser vista como amazona guerreira e passa a ser reconhecida pelo seu poder. Tudo começa quando Òíyá tenta dar a Sàngò filhos e não consegue. Ela procura Ífá e o gbágbáláwò a proíbe de comer carne de carneiro e manda ela fazer um ègbó contendo 18 mil búzios e vários tecidos coloridos. Assim foi feito e ela dá a Sàngò 9 filhos, sendo somente um capaz de ouvir e falar(chamado ègúngún), os demais eram surdos e mudos. Esse ítàn (lenda) varia conforme historiadores mas, o número 9 sempre permanece ligado a natureza desse òrísá. Em algumas lendas ela seria senhora de um grande rio que se divide em nove rios; em outras teria sido cortada em nove pedaços durante uma batalha com ògún, o cortando em sete pedaços. Essa grande ligação com o número nove deu origem a um outro nome pelo qual essa divindade é bastante conhecida Íyànsàn (aglutinação das palavras ìyá Mèsàn, mãe dos nove).
Sua ligação com a morte é descoberta após uma invasão de um exército inimigo ao território de Sángò onde, Òíyá com o propósito de ajudar seu esposo, forra no chão um tecido vermelho, adornado com espelhos, cabaças e búzios e invocando áféfé (o vento, seu escravo) faz com que o pano tome vida e parta pra cima dos rivais que correm assustados. Òíyá era uma íyágbá completa, dominando a guerra, a caça, o fogo, os ventos, a magia e a morte.

Seria a
deusa das tempestades, ventos e furacões. Òíyá representa a independência da mulher e a entrada da mesma no mercado de trabalho. Simboliza a volúpia, a determinação, o desejo e a sexualidade. Sua importância dentro do culto a ègún é significante, uma vez que seria a única íyágbá capaz de controlá-los, sendo invocada tanto para conduzí-los quanto para afugentá-los. Òíyá seria a senhora do fogo juntamente com Sàngò, sendo necessário a união de ambos para sua existência.


Aqui no Brasil é uma divindade bem popular, presente nas mais variadas festividades, desde àdáhún tý ògún, fogueira tý Sángò até òlúgbájé. Sua festividade é chamada de Águéré tý òíýá ou ainda á
kárá tý òíyá, onde ela vem devidamente paramentada, distribuindo acarajés para todos os adeptos.
Òíyá significa a liberdade, a expansão, a alegria e a aceitação, sendo uma divindade livre de preconceitos. Quando baila no salão é motivo de alegria, todos dançam e batem palmas, sendo um dos momentos mais animados da cerimônia. Possui muitos filhos e muitas variações, das quais se destacam:

*Ègúnítá- É um
a variação que traz muitas divergências a nível cultura e sua forma de culto. Os mais velhos costumam dizer que é um Inkisse, ou seja, divindade de origem Bantu cultuada na nação Angola ou Congo. Mas hoje em dia seu culto é mais abrangente e vemos seu culto em casas de ketu e até mesmo djédjè. Essa Òíya seria o próprio culto a ègún, onde seu nome significa o ègún preso à pedra. Muito perigosa e que deve ser feitos muitos fundamentos para sua iniciação.
*Máfúrú Ígbálé ou ìgbálé- é o início do culto aos mortos, sendo considerada a rainha dos Ègúns. Vem nos caminhos de ègún, íkú, òmólú e Nànàn. Veste apenas o branco por representar o luto e a cor relacionada a morte. Tem o poder de controlar os mortos, dominando-os e afugentando-os;
*Gbágàn- Rep
resenta o próprio fogo, em seu estado incontrolável, representando as queimadas e incêndios. Vem nos caminhos de Èsú e Sàngò e divide com eles a propriedade do elemento fogo, levando-o para a humanidade. É a senhora das cremações dos corpos e das queimaduras;
*Tòpé- Vem nos caminhos de Èsú, Ògún e Òdé. É aquela que conduz os corpos desmaterializados até o ígbálé, ficando com eles até 21 dias após sua morte. Representa a aceitação pós-morte e a passagem para o outro plano. É responsável pelas negociações entre Èsú e os seres humanos, acalma a fúria de ògún e divide a prosperidade que òdé proporciona para todos seus filhos;
*ònírà- Vem nos caminhos de òsún, òlóògúnèdé e òsáàlá. É um òrísá à parte englobada na cultur
a de Òíyá por possuir características em comum. Representa o último estágio das águas, á água no estado gasoso. Senhora das neblinas, serração, névoa e águas turbulhentas. Foi ela quem ensinou òsún a guerriar e que criou Òlóògúnèdé;
*Áfúlélé- vem nos caminhos de Òmólú, ègún, ìyèmònjá e òsáàlá. É a senhora do rasciocínio, dos atos repentinos e dos loucos. Traz consigo as lembranças do passado. Senhora dos portais, inclusive do ígbálé e é em sua homenagem que os iniciados rodam embaixo dos portais;
*Mágbó- Vem nos caminhos de òsún, íku, Nànàn e òsáàlá. É a senhora dos sinos das igrejas e cemitérios
, sendo aquela que traz a mensagem da morte. É a senhora dos intrumentos musicais (ádjé, sérè, sèkèrè, gàn, árò, etc), sendo responsável pela invocação das divindades. Representa a lágrima de sofrimento pela perca de um ente querido;
*Mèsàn- Vem nos c
aminhos de ègún, ògún e òdé. Representa a fase em que Òíyá está completamente ligada ao número 9 (nove), sendo a mãe dos nove filhos, mãe dos nove planos,mãe do rio que tem 9(nove) braços e aquela que foi cortada em nove pedaços. É uma exímia caçadora e vive na floresta. Tem o poder se transformar em búfalo;
*Pádá- Vem nos caminhos de èsú, Sàngò, íyèmònjá, òsáàlá e íyámí. É a senhora dos raios e relâm
pagos, segurando a fúria de Sàngò e impedindo que o raio cause danos. É muito quente e perigosa, sendo a senhora dos espíritos suícidas. Domina a fúria das ájés e é invocada ao anoitecer;
*Gèlèdè- vem nos caminhos de Èsú, Ègún e òsún. Comanda os caminhos por onde Èsú passa. É invocada no ritual de ípádè. Senhora do defumador e dos sacudimentos dados em somicílios com a intenção de tirar negatividades. Responsável por li
mpar os ambientes para o início dos òròs;
*Gàngbèlè- vem nos caminhos de Sàngò, òsún e òsáàlá. É esposa de Sángò, regendo todo seus òròs. Responsável pela entrega do ámálá para Sàngò, sendo assentada numa gamela. Ela que pede a Sángò para fazer justiça e julgar a humanidade
sempre com bons olhos;
*káràn- vem nos caminhos de Èsú, òsúmárè e Sángò. É a senhora dos acarajés e do ritual onde esse alimento é rodado no salão e entregue aos adeptos. Rege as pessoas que vivem da venda do acarajé. Tem a propriedade de olhar pelo processo finan
ceiro das propriedades, sendo guardiã dos portais das casas de trabalho, juntamente com èsú;



saudação: èpáhèy òíyá!
sincretismo: Santa Bárbara;
Oferendas: acarajé, ágbárá, etc;
cor: marrom; vermelho;
elemento: fogo; ar;
número: 9 (nove);

òdú regente: òsá;
Algumas ervas: para-raio, nega-mina, folha da felicidade, etc.

dia da semana: quarta-feira.


Um comentário:

  1. èpáhèy òíyá!
    linda essa rainha que reina na minha cabeça e na cabeça de meus irmaos e de minha amada mae fatima.

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