segunda-feira, 16 de maio de 2011


Sàngò 
é o òrísá cuja história ultrapassa as barreiras do mitológico e chega ao mundo real através de sua dinastia existente até os dias de hoje na África. Seria, históricamente falando o quarto Áláfín de Òíyó, cidade fundada por Òdúdúwá ou em outras histórias Òrànínyàn, seu pai. Destronou seu irmão Dádá Ájáká, assumindo a coroa e passando a ser um dos mais poderosos reis da época. Era filho de íyá másè ou em algumas culturas íyèmònjá. Tinha um gênio arredio, um caráter incomparável, e o senso de justiça dígno de um rei. Sua postura dentro da sociedade era inigualável e sua sede por expansão era destaque na época, herdando muitas das características de seu pai Òrànínyàn. Sàngò desde jovem era guerreiro, com sede de guerra e domínio e isso não diminuiu após sua posse como rei, criando uma das dinastias mais poderosas da história africana e que até hoje podemos ver seus descendentes levando adiante seu culto e sua importância. Dentro do panteão iorubá, Sàngò exercia o cargo de Juíz, com o poder de condenar ou absolver as pessoas a serem julgadas, auxiliado por 12 ministros, seus ògbás. Tinha um gênio terrível e fazia lei conforme sua sentença sendo muitas das vezes cruel e severo.

Fazia parte de uma sociedade polígama e era casado com três íyágbás: Òíyá, Òsún e Ógbà. Cada uma possui sua importância e função para o grande rei. Òsún era a mais bela, a mais carinhosa, aquela com a qual o grande rei gostava de desfilar devido tanta beleza e a única que soube aproveitar do reinado e de sua riqueza. Ógbà era sua mulher mais velha, aquela que não tinha por inteiro o amor do grande rei e o prendia com belos pratos e refeições. Òíyá era aquela que completava Sàngò, como se fosse sua fase feminina, com o mesmo furor e temperamento, completando-o sexualmente.

Muitas são as lendas que compõe a maravilhosa trajetória de Sàngò, seja mitológicamente ou politicamente. As mais conhecidas envolvem suas mulheres e a luta pela atenção e amor do grande rei e também seu domínio sobre os elementais, tais como fogo e trovão. Em todas elas Sàngò é descrito como um homem bonito, mulherengo, detentor de um belo corpo. Usava tranças enfeitas com búzios e uma argola de ouro em sua orelha. Tinha como emblema o òsè, um machado de suas lâminas, símbolo de seu poder e de sua força bruta. Dividia com Òíyá o domínio sobre o fogo, uma vez que sua esposa ao ir buscar o composto que dava esse poder para seu marido, por curiosidade teria provado dele antes. É tido como o deus dos raios e trovões, usando-os como arma para fulminar os inimigos e castigar a humanidade. Tem como principal instrumento musical de invocação o sérè, sendo manipulado apenas por pessoas do sexo masculino e devidamente graduados dentro do culto. Possui vários animais que compõem sua liturgia, nos quais se destacam o ájápá (cágado) que simboliza a vida devido sua durabilidade e resistência e o ágútàn (carneiro) que segundo os iorubás vive nas nuvens e representa o próprio trovão.

Sángò tem muita importância para os povos iorubás e para nós candomblecistas. Seu poder é reconhecido em todas as nações, tendo um grande destaque dentro do kètú, onde se tornou um dos grandes reis, dividindo com òdé a regência das casas. Seu ritual mais conhecido é a FOGUEIRA DE SÀNGÒ, onde durante 12 dias são feitos alguns fundamentos e rezas e no ultimo é feito uma grande festa, onde é acesa uma fogueira em homenagem ao Deus do fogo. Sàngò é a divindade da vida, do equilíbrio e do progresso. Rege todo processo financeiro da sociedade, desde negócios a patrimônios. Possui algumas variações a alguns títulos, variando conforme conhecimento do sacerdote. Veja abaixo as variações mais conhecidas de Sàngò:

* Ágànjú- representa a fase jovem de Sàngo. Nessa variação, vem coligado à Íyèmònjá, òsún, ígbèjí e òrànínyàn. É responsável pela devolução da água para a terra, tendo ligação com as chuvas. Senhor dos fogos, estalinhos, bombinhas, etc. Representa a alegria, a juventude e a vida;
* Àfònjá- vem nos caminhos de Òíýa, òsún, Íyèmònjá e Òsáàlá. Senhor das grandes tempestades e das nuvens negras que se formam rapidamente. Tem o poder de julgar e condenar os seres humanos, sendo quente e temperamental. Fala com voz de trovão e fulmina os errados com os raios. Governa todos os danos causados pelos raios, incluindo incêndios;
*Ògòdò- Vem nos caminhos de Ògún, Ógbà e Òsún. É o grande condutor energético que rege tudo que vem do òrún para o áíyè. É o divisor dos polos terrestres e senhor do plano astral, regendo todos os planetas, a gravidade, meteoros, etc. Nessa fase, Sángò é mais ligado ao òrún, de onde governa a terra e julga os seres humanos;
*Ígbárú- vem nos caminhos de Èsú e Òíyá. Alguns tratam de ìgbárú como òrísá a parte, coligado a cultura de èsú e não agradando-o com ámálá (comida típica de Sángò feita de quiabos). É o senhor do pote de fogo (ájèrè) e representa o encontro do fogo com a terra. representa as queimadas, o fogo incontrolável e as brasas. É muito quente e perigoso devido ao seu temperamento e seu gênio;
*Áíyrá- Trata-se de um Òrísá a parte que foi englobado na cultura de Sàngò por possuir características em comum. Segundo as lendas, Áíyrá seria o líder do exército de Sángò, sendo de extrema confiança do rei. Vem nos caminhos de Òsáàlá, òsún e Íyèmònjá. É o dono da fava de árídàn e representa o eixo da terra e os pontos cardeais. Possui suas próprias variações e tem culto e cantigas a parte;
*Ágòjò- vem nos caminhos de Òsúmárè e òsún. Tem como propriedade a devolução da água para a terra, tendo como símbolo a tromba d'água e a chuva de granizo. Tem ligação com as baixas temperaturas e o frio. Representa as mudanças de temperaturas repentinas;
*Áláfín- não seria uma variação do òrísá Sàngò e sim um título que ganhou após destronar su irmão Dádá e dominar o reino de Òíyó, tornando-se o quarto Áláfín;
*Ògbá kòsò- assim como Áláfín, não seria uma variação do òrísá Sàngò e sim um título dado após sua suposta morte (alguns mitos contam que causada por suicídio no pé de ògbí). Os seus súditos não acreditaram na morte de seu rei e gritavam ògbá (rei) kò (não) sò (morreu) ou seja o rei não morreu.

saudação: ògbá nísé káwò kágbíèsílè!
sincretismo: São Gerônimo;
Oferendas: ámálá, ájègbó, acarajé, etc.
cor: vermelho e branco; marrom e branco;
elemento: fogo;
número: 12 (doze);
òdú regente: èjíláségbòrá;
algumas ervas: caruru, erva de são joão, ògbó, para-raio;
Dia da semana:
Quarta-feira.

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