Íyèmònjá
Seria dentro do culto africanista o òrísá mais conhecido e cultuado no Brasil. Seu nome significa Íyè Íyè - mãezinha, ómò - filhos, èjá - peixe, ou seja, a mãe dos filhos peixes. Era filha de Òlóòkún, a divindade dos mares (ora tida como masculina ora como feminina) com Òlóòsá, a divindade das lagoas. Segundo seus ítàns, Íyèmònjá teria sido esposa de Òdúdúwà, Òràníyàn e Òsáàlúfón, sendo mãe de quase todos os òrísás do panteão iorubá. Outra lenda africana conta que Íyèmònjá tinha um filho chamado Òrúngàn, o deus do ar. Òrúngàn era apaixonado pela mãe e acaba por estuprá-la. Desesperada Íyèmònjá foge e acaba caindo, rasgando seu ventre e deles nascendo todas as demais divindades. De qualquer forma, independente das lendas, Íyèmònjá para os iorubás aparece sempre como a mãe dos demais deuses, sendo ela a origem dos grandes reis africanos e mãe dos ímòlés mais conhecidos e cultuados tanto na África quanto no Brasil. Íyèmónjá era uma jovem guerreira bela e de seios fartos. Usava ágbègbè e ídá (espada), dominando todo o reino de seu pai Òlóòkún. Certo dia Íyèmònjá foi vítima de uma emboscada feita pelo exército de Òdúdúwà que, seguiu-a até a praia para derrota-la. Sozinha, Íyèmònjá não tinha como derrotar todo o exército, então espalhou na praia bastante espelhos grandes e virados de costas para o mar. Quando o exército de Ífé chegou até a praia deparou-se com inúmeros guerreiros e a frente deles Íyèmónjá. Na verdade, não eram guerreiros, apenas era o próprio reflexo do exército de Ífé nos espelhos. Temendo perder a batalha, pois pareciam estar em menos número, o exército partiu, deixando Íyémònjá em paz. Por este motivo que Íyèmònjá quando aparece paramentada em festividades, sempre usa o ágbègbè virado com o espelho pra frente, pois a mesma não o usa como vaidade e sim como arma de combate. Da mesma forma que o ágbègbè de sua gilha Òsún, o seu representa a feminilidade e o ventre, vinculando-a diretamente ao culto das Íyámí Òsòròngá.
Íyèmònjá aqui no Brasil tem seu culto diretamente vinculado ao mar, perdendo o aspecto origianl se divindade dos rios. Todos os anos, milhares de fiéis, adeptos ou não da religião, vão a beira da praia no final do ano e, agradam Íyèmònjá, entregando flores, velas, perfumes, barcos repletos de joias, champanhe e se banhando nas águas do mar, desejando que no novo ano que está por vir, Íyèmònjá possa trazer saúde, amor, prosperidade, etc. Pelo Brasil ser um país tropical e religioso, os brasileiros tendem a ter um vinculo maior com a praia e uma grande admiração pelo mar. Esse fascínio faz com que muitas pessoas mesmo não sendo adeptas do candomblé, agradem Íyèmònjá, tornando-a a divindade mais conhecida e cultuada no país.
Na Bahia, Íyèmònjá é sincretizada como Nossa Senhora dos navegantes, sendo cultuada em fevereiro, onde milhares de fieis vão até as praias e levam presentes a senhora do mar, entregando balaios e levando de barco as oferendas para serem depositadas no meio do oceano. Já aqui no Rio de Janeiro, Íyèmònjá é sincretizada como Nossa Senhora da Glória ou Nossa Senhora de Fátima, porém suas festividades acontecem no final do ano. É cultuada na festa das íyágbás, juntamente com todas demais divindades femininas.
Íyèmònjá é tida como senhora de todas as cabeças, ou íyá òrí, ganhando esse título devido a seu grande poder sobre os pensamentos das pessoas e o raciocínio. É a divindade responsável pelo casamento, pelos filhos e pela família, regendo todo o bem estar da mesma e formando sua árvore genealógica, sendo responsável também por todos os ensinamentos, a educação e tudo o que se é passando de geração a geração.
Suas principais qualidades são:
* Íyá Másè Málé- também chamada de íyá òrí, essa íyágbá não é iniciada em nenhum neófito. Vem nos caminhos de Sàngò, Òrí e Òsáàlá. É tida como a mãe de todas as cabeças, sendo a protetora do raciocínio, doas pensamentos e das lembranças. É tido como um òrísá a parte e como a verdadeira mãe de Sàngò;
*Íyá Ògúnté- vem nos caminhos de Ògún. É cultuada no rio Ògún (òdò ògún), localizado em ágbéòkútá na África, sendo uma amazona guerreira, protegendo tosa a superfície de rios e praias, castigando as pessoas que fazem uso das pesca predatória. É muito quente e perigosa, sendo completamente coligada ao culto de seu filho Ògún;
*Íyá Sèsú- vem nos caminhos de Òsànýn, Òdé, Òsún, Nànàn e Íyámí. É a senhora da criação, sendo representada pela colher de pau e protetora dos Jígbònàn ou Hunsó. É a mãe da liturgia e da doutrina espiritual, mantendo o respeito e a ordem dentro das casas de ásé;
*Íyá Tònàn- vem nos caminhos de Èsú e Sàngò. É a senhora das ressacas e das grandes ondas. Tem o domínio sobre as Tsunamis e os maremotos. Representa a própria fúria da natureza, sendo muito quente e geniosa;
*Íyá Lòjá- vem nos caminhos de Sàngò. É a senhora do sérè, instrumento de evocação do òrísá Sàngò, simbolizando os movimentos da terra e o som da chuva caindo, sendo a única íyágbá a segurá-lo e manuseá-lo;
*Íyá Ságbá- vem nos caminhos de Òsáàlá. Seria a esposa de Òsáàlá, representando a fase velha de Íyèmònjá, vestindo apenas branco. Comanda as camadas mais profundas do mar, onde não há luz solar e as águas são calmas e frias;
*Íyá Áwòíyò- também chamada de Áwágbò, vem nos caminhos de Èsú e Òdé. Mora nas águas profundas e está ligada a reprodução dos peixes e toda vida marinha. É muita apegada a seu filho Òdé, querendo que o mesmo fique sempre ao seu lado, longe das florestas de Òsánýn, invadindo a terra para ir busca-lo;
*Ágbòtò- É um vodun dahomeano que representa o encontro das águas doces com as águas salgadas. É cultuada tanto como Òsún quanto como Íyèmònjá, sendo responsável pelo abastecimento de toda a água do organismo, nutrindo-nos e mantendo-nos vivos;
Saudação: Òdò Ífé Íyágbá! òdò íyá! Èrú íyá!
Sincrestismo: N.S. dos Navegantes, N.S. da Glória;
Oferendas: Arroz, ègbò temperado com dendê e camarão (ègbò íyá), peixes, etc.
Cor: Cristal, verde, azul;
elemento: água;
Número: 4 (quatro) ou 9 (nove);
Òdú regente: Íyórósún;
Algumas ervas: pata-de-vaca, imbaúba, colônia, patchouli, saião, etc.
Dia da Semana: Sábado.
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