segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ògún, o senhor da guerra



Ògún

é dentro do candomblé(Àlákètú) o segundo òrísá a ser louvado em dia de festas. Possui grande importância dentro do culto, uma vez que segundo seus mitos, foi ele o criador dos metais e consequentemente, o responsável pela evolução do ser humano e da sociedade. Quem, nos dias de hoje conseguiria viver sem os metais? Facas, talheres, elétro domésticos, vigas, estruturas...tudo é feito de metal. Como arar a terra sem a interferência de Ògún? Por isso, esse grande ímólé passou a ser reconhecido e consagrado, uma vez que sua energia e existência está presente em cada ítem utilizado, desde os tempos antigos até os tempos modernos. Ògún era conhecido e temido em toda a África; possuía um gênio terrível, sendo arredio e insaciável. Sua sede de conquista era imensa, levando a cometer alguns atos que deixaram bem claro o seu poder de destruição. Era um poderoso guerreiro, astuto e líder nato; Passava a maior parte do tempo em batalhas e sempre saí vitorioso das mesmas. Essa divindade é muito perigosa e, poucos sabem como realmente cuidar de Ògún. Seu culto engloba toda sua trajetória em busca da expansão de seu território, deixando evidente que Ògún, em sua passagem terrena foi um sanguinário, que não descansava enquanto não conseguia realizar seus objetivos. Dentro do candomblé, Ògún passou a ser adorado e muito louvado pois, assim como Èsú, tende a ser uma divindade muito humana e coligada as necessidades diárias. Ògún representa a batalha cotidiana, a luta pela sobrevivência e a vontade de crescer e evoluir. Todos nós, pra sermos alguém nessa vida terrena, precisamos ter por dentro, um pouco da essência do Òrísá Ògún. Claro que não precisamos adotar um caréter agressivo e destruidor mas sim, a mensagem que esse òrísá nos passa através de seus ítàn's(lendas) onde, só se consegue ser alguém e vencer na vida com muita luta e determinação. Fora a imagem de "sanguinario" presente nas lendas desse òrísá em sua passagem terrena, Ògún na visão divina de sua existência, é o senhor dos caminhos, responsável juntamente com seu irmão Èsú, pelo caminhar da humanidade. Todas as descobertas, a tecnologia, as estradas, linha férrea, aviões, o domínio do ser humano sobre todos hábitates, seja terra, água ou ar, tudo deriva do poder e da influencia de Ògún. Dizem os mais antigos que Ògún é o senhor da agricultura, uma vez que, é necessário ter metal para arar e cultivar a terra e para só depois, haver o plantio. Tiramos daí, a importância desse Òrísá dentro da sociedade e o que ele representa e significa para toda humanidade. No Brasil, Ògún é um dos òrísás mais louvados e admirados; Seu sincretismo como São Jorge ajudou para que seu nome fosse sempre respeitado e sua imagem como guerreiro, seja vista de forma positiva pelos fiéis e adeptos. Ògún e São Jorge se assimilaram tanto que, é quase impossível para alguns adeptos pensar em um sem lembrar do outro. Suas festividades normalmente ocorrem no mês de abril, devido ao dia de São Jorge ou, em algumas casas no mês de junho, devido ao dia de Santo Antônio, outro Santo Católico á que esse òrísá é sincretizado. Em sua homenagem é feita uma grande feijoada e destribuída para os presentes. Os rituais do pão e do máríwò também são pontos marcantes de sua festividade, uma vez que o pão simboliza o alimento, a fartura e tambem seu respeito á Òsáàlá e o máríwò age como proteção, livrando seus seguidores de males físicos e espirituais. Ògún possui como principal símbolo o máríwò(fronde do dendezeiro), o qual usa como roupa de forma litúrgica para livrar dos ègúns e também para lhe dar forças nas batalhas e as suas 7(sete) ferramentas alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza. É filho de Òdúdúwá e yèmònjá, irmão de Òdé e Èsú. Ògún é o filho mais velho de òdúdúwá, o herói civilizador que fundou a cidade de Ífé. Quando Òdúdúwá esteve temporáriamente cego, Ògún tornou-se seu regente em Ífé. Ògún é importantíssimo na África e no Brasil; sua origem, de acordo com a história, data de eras remotas, sendo o último ímòlé. Os ígbá ímòlé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Òlòdúmárè após terem agido mal. A Ògún, único ígbá ímòlé que restou, coube conduzir os írún ímòlé,os outros quatrocentos deuses da esquerda. Dentro das casas de candomblé, seu assentamento fica nos portões, na finalidade de trazer crescimento, evolução e proteção, estando sempre pronto para a batalha. Ògún é o rei de Írè, onde é cultuado até os dias de hoje. Segundo seus mitos ògún não morreu e sim, cravou sua espada na terra e afundou na mesma, se tornandoum òrísá. Quando manifestado é irriquieto, agitado e sempre com semblante sério e que impõe respeito. Teve como esposas Òyá, Òsún, Nànà, ógbà e Èléfúnlósúnlórí. Recebe suas oferendas nas estradas, linhas férreas, matas e no pé do cajá-manga.
Ògún tem como principais qualidades:
*Ògún Mèjè ou Mèjè-Mèjè- É a essência das demais qualidades de Ògún. Seria
uma inaltação ao número sete(mèjè em yorubá) pois, sete são suas ferramentas, sete são suas qualidades,sete são as aldeias que se apossou e segundo os ítàn's Ògún foi fracionado em sete pedaços após uma batalha com Òyá. Nesse caminho Ògún está extremamente ligado á Èsú, sendo o responsável pelo caminhar da humanidade e por todos os caminhos, sendo ele normalmente assentado nos portões das casas de candomblé. É chamado também de Ájáká;

*Ògún Ájá- É aquele que alimentava sua tribo com carne de cachorro. É um exímio caçador e grande guerreiro. Possui grande relações com Òsáàlá, ajudando seu reino quando passavam por dificuldades e passou a usar o branco, sendo condecorado e unido ao culto de Òsòguíàn. Rege todos òrò's de corte e o ìgbòsé;
*Ògún Ònírè- Nessa fase é inaltecida seu título como senhor da cidade de Írè. É o dono do máríwò, do wáàjì e senhor do Sárákpòkàn. Vem nos caminhos de Òsún, tendo alguns de seus cultos nas á
guas. Rege os açúdes e rios;
*Ògún wárís- Senhor das estrelas e constelações, responsáv
el por iluminar os caminhos escuros. Suas ferramentas são douradas e cintilantes. É fundamentado com Òdé, Òsún e yèmònjá. Tem ligações com os antepassados, tendo a propriedade de orientar a civilização através do tempo;
*Ògún Màsá- É o guardião das estradas e das trilhas dentro da mata. Rege os caçador
es de animais de grande porte. Senhor da vitória, tendo como principal símbolo a coroa de louro, usada antigamente para condecorar os vitoriosos;
*Ògún síkurè- É o senhor do mòkàn,da senzala e do contra-ègún. O mòkàn representa uma patente, como se fosse uma medalha, mostrando o cargo a que o neófito foi iniciado (íyáwò ou vòdúnsì) e a senzala representa a divisa militar, ambas em homenagem a Ògún. È o
senhor do ferro na fase líquida, sendo responsável pela moldagem de ferramentas e instrumentos. É chamado também de álágbèdé, o ferramenteiro;
*Ògún jègbè- É o guardião dos portais internos das casas de ásé e do poço de gbèssèn. Em sua homenagem é que colamos as penas do pescoço da galinha d'angola na porta das casas dos òrísás;

Possui outros nomes como Ákòrò, òlògbé, íkòlá, èlèmòná, Ájò,òlòdé, pòpò e mèmè que não são qualidades e sim títulos desse Òrísá.

Saudação: Pátákòry Ògún!Ògúnyèèèè!
Sincretismo: São jorge; Santo Antônio;
Oferendas: inhame cará, feijoada, etc;
cor: Azul escuro;verde;

Elemento: Fogo e terra;
número: 3(três) e 7(sete);
Òdú regente: Étáògundá;
algumas ervas: Aroeira, são-gonçalinho, máríwò, espada-de-são-jorge;
Dia da semana: Terça-feira.






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