quinta-feira, 5 de maio de 2011


Íyèwá
é o vodun que representa tudo o que é virgem e inexplorado. Reune características do clã Dan gbírá, sendo filha de Azansú ou como também é chamado Azonse. Muitos são os ítàns sobre essa divindade e sua importância mitológica tanto para os povos iorubás quanto para os fóns porém, cultuada diferentemente por cada um dos povos citados. Para os fóns, ìyèwá é uma serpente avermelhada, muito venenosa, porém que encanta devido suas cores fortes e vibrantes. Alguns ítàns citam-na como filha de Azansú e outros como filha de Akotokwén, sendo nesse ultimo caso, irmã de Akolo Gbesén. Íyèwá também seria um arco-íris que fica entorno da lua, sendo uma das sacerdotizas do culto a Mawú. Está diretamente ligada ao culto aos ancestrais, sejam masculinos ou femininos, usando em suas vestimentas a palha da costa vermelha, adornos com buzios e cabaças. Tem como simbolo uma cabaça de cabo longo adornada com palha da costa e búzios, usando também draká, garras, òzí (seta) e òfá. Seria a divindade das enseadas, estando coligado ao elemento água e terra. Dificeis são seus filhos, se tornando um vodun raro de ver manifestado e iniciado. O tabu de ser uma divindade feita apenas em mulheres e virgens, fez com que cada vez mais seja dificil iniciá-la em um neófito, uma vez que com o passar dos tempos, as meninas vem tendo relações mais cedo e poucas são as famílias dispostas a iniciar suas filhas quando crianças, a não ser quando acontecem problemas relacionadas a integridade física das mesmas. Outros sacerdotes garante existir ègbós capazes de permitir a feitura de uma neófita de íyèwá mesmo não sendo mais virgem porém, são poucos os que assumem ou que ouseram fazê-lo, enquanto outros preferem fazê-las de Òíyá ou Òsún. Trata-se de uma divindade misteriosa, cercada de tabus e que ao longo do tempo muito se perdeu sobre sua história e culto. Sua origem é dahomeana porém seu culto se extendeu até a Nigéria, sendo louvada como esposa de Òdé pelos povos iorubás. Tal fato se dá devido a divergência entre Dahomey e povos iorubás, existente desde a antiguidade. Segundo os mitos íyèwá teria se apaixonado pelo rei dos Iorubás, Òdé o grande caçador, e teria saído de Dahomey e ir morar com seu amado. Isso teria despertado a fúria de Azansú, seu pai e um dos grandes reis de Dahomey, expulsando de vez íyèwá da nação e proibindo seu culto na mesma. Outros ítàns dizem ainda que Azansú com raiva pela traição de sua filha por ter ido morar com o rei da nação rival, teria enterrado-a em um formigueiro para que as formigas lhe devorassem, deixando terríveis cicatrizes em íyèwá que com vergonha passou a se cobrir com filá de palha da costa. O fato é que, em determinadas casas de culto djèdjè não se cultua íyéwá devido a esse ítàn (lenda), temendo a fúria de Azansú sobre a casa. Outros ítàns ligam íyèwá a òrúnmíllá, segundo eles, ela teria enganado a morte salvando-o e em troca ele teria ensinado-a o segredo dos mistérios de Ìfá e poder da vidência. Íyèwá tem muito fundamento com íkú e muitos são os òròs no ígbálé necessários para iniciá-la, tornando ainda mais difícil sua feitura nas casas de ásé uma vez que, falta cultura para muitos zeladores do culto. No Ketu, Íyèwá é tida como uma grande caçadora, que vive nas matas juntamente com Òdé seu marido. Tem ligações com Òsún e com Òsúmárè, sendo a representação do lado fêmea da serpente, enquanto que òsúmárè representaria o lado macho. Ìyèwá simboliza a pureza, o inexplorado e o encanto. Rege o lado puro do amor, o movimento e a abundância obtida pela caça, garantindo o alimento do dia-a-dia. Seu poder é imenso em ambas as nações e seu culto encanta devido a tantos tabus e mistérios relacionados a sua origem e iniciação.
Saudação: íhó! Ahò gbò gboy! Íyèwá sí lé!
sincretismo: Santa Luzia;
Oferendas: batata doce, banana da terra, ásòsò;
cor: vermelho e amarelo;
Número: 15 (quinze);
òdú Regente: ògbéògúndá;
Algumas Ervas: erva de santa luzia, òsígbátá, etc.
Dia da semana: quinta-feira.


4 comentários:

  1. meu querido ,seu comentario ,lindo ,maravilhoso ,e nos passa segurança ,e quem mergulha em busca de mais conhecimentos,parabens,e muto axé em sua caminhada ,paulinho de aira (obalojí).

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  2. obrigado meu irmão! Fico honrado e agradecido por sua visita em meu blog e lisonjeado por seu comentário. Um grande abraço e que Áíyrá lhe cubra sempre de bençãos e o mantenha essa pessoa maravilhosa!

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  3. Desconheço Draká (tido como símbolo real da Nação Jeje Mahi no Brasil.sendo compartilhado por Bessem, Sôbo e Ajunsun - os três reis do Mahi) como símbolo do Orixá Yewá, inclusive muitos sacerdotes antigos dizem não existir culto à essa Divindade no Jeje. Se convencionou considerar Yewá como Divindade Fon, mas a verdade é que sua origem é nagô.
    Apesar de seu culto nunca ter se perdido no Brasil, é um grande questionamento porque passou desapercebido pelos antigos pesquisadores ao longo dos tempos.

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    1. Pois bem caro amigo Wanderley. É de meu conhecimento que o djeje Matriz não inicia Íyèwá (kpó ejí, Seja Unde e Zogoogo Bogun) mas, quando em meu blog posto sobre uma determinada divindade, não falo somente baseado no djeje mas sim numa visão mais ampla de culto, ou seja, como ela é vista a nível candomblé independente da nação. Da mesma forma que a nação djeje passou a iniciar òrísás que não são iniciados nas casas matrizes, tais como Òlóògúnèdé, Ògbá, etc, aqui no Rio de Janeiro costuma-se iniciar vodunsis para Íyèwá. Talvez por uma coligação com o vodun Dan, ou para mostrar sua origem, já vi em muitas casas Íyèwá carregar como paramenta o dráká. Concordo com você que a origem do culto a Íyèwá é desconhecida, e que muitos afirmam ser uma divindade Fon porém é uma dúvida ainda dos historiadores. Pelo certo ou pelo errado, prefiro seguir os mais antigos e postei aqui baseado em meu conhecimento, de tudo o que foi me passado durante meu tempo de pesquisa. Um grande abraço, kolofé!

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