Nànàn
é o mais velho ancestre feminino que se tem conhecimento. Para os povos Fóns,
seu poder assemelha-se ao do grande Deus criador do universo, sendo ela filha
de Mawú e Lisá (a lua e o sol respectivamente). Sua origem é dahometana onde ela
é a mãe de quase todos os voduns. Já na cultura ioruba, Nànàn teria sido a
esposa de Òsáàlá e mãe de três òrísás cuja origem também é dahometana: Òmóòlú
(Sakpata), Íròkò (Loko) e Òsúmárè (Dan gbesen). Muitos são os ítóns que rodeiam
sua passagem terrena, mas tanto em Dahomey quanto em kètú sua importância e poder
são sempre destacados. Nànàn é a deusa das chuvas, da lama, do barro. Foi ela
que cedeu o barro para que Ògbátáàlá moldasse os seres humanos mas, após o
desencarne os corpos voltariam para o seu domínio, ou seja, seriam enterrados.
É a senhora da morte e da ressurreição. Mãe da transformação, tendo domínio
sobre o culto à Ègúngún e Íyámí Òsòròngá. Seu nome sempre impõe respeito,
passando a ser uma divindade temida pelos mais antigos, devido a sua relação
com Íkú. Nànàn é a deusa da sabedoria e da ancestralidade; possui certa "quizila" com metal, uns dizem que tal aversão é tida pelo fato de seu culto anteceder o
uso do metal, outros dizem, que essa quizila foi após uma guerra com Ògún, o
deus do ferro e dos metais, e a partir desse combate, para se mostrar superior
e independente de qualquer utensílio coligado ao domínio de Ògún, Nànàn teria
abandonado o uso do metal. Para os povos Fón, Nànàn ou Nànà seria um título
dado a homens e mulheres sacerdotes da grande deusa lua (Mawú), nascendo devido
este fato, uma infinita variação (qualidades) de Nànàn, tanto do sexo masculino
quanto feminino.
Nànàn
é um Òrísá/Vodun extremamente feminista, não sendo iniciada em neófitos homens e, em
alguma casa, não sendo nem feita pelas mãos de homens. Juntamente com Íyóbà,
fundou uma das sociedades mais conhecidas, voltadas para o culto aos ancestres
femininos e tendo como principal divindade às Íyámí Òsòròngá.
Pelo
fato de ser a senhora que possui o domínio sobre a morte, Nànàn é coligada à
todos os ancestrais, inclusive a Ègúngún. Devido a todos os mistérios e mitos
que envolvem a cultura dessa divindade, muitas pessoas temem Nànàn e evitam
inicia-las, acreditando estar iniciando a própria morte.
Para
iniciar uma filha de Nànàn, é necessário muito conhecimento, uma vez que meche
com toda a estrutura do ásé. Os filhos devem ficar de contra-ègúns e se abster
de sexo e bebidas. Os ancestrais devem ser reverenciados, juntamente com Èsú
para que tudo possa ocorrer bem. É necessário fazer ípádè com frequência,
cercar a casa com ébò, acaçá, ovos, Dèbúrú, etc. e fazer vários èbós, com
objetivo de purificar o ambiente e trazer a energia divina dessa grande
senhora.
Na
cultura ioruba, o culto a Nànàn está completamente ligado a Òmóòlú. Em suas
lendas, Nànàn teria abandonado seu filho devido à uma doença contagiosa que o
mesmo havia adquirido.
Em
sinal de arrependimento, Nànàn fez um cetro de palha chamado íbírí, em forma
de uma criança recém-nascida, onde carrega todas as pragas e doenças, mostrando
a ligação entre a vida e a morte. É cultuada no Òlúbájé juntamente com seu
filho Òmóòlú e todos os demais Òrísás da família da terra.
Variações do culta a Nànàn:
·
Nànàn gbúlúkú- vem nos caminhos de íkú. Nessa forma seria a própria
representação da morte, não sendo iniciada. Está relacionada ao princípio do
mundo e ao elemento terra. É a mãe para os povos fon. Seria o verdadeiro nome
dessa divindade, filha de Mawu e Lisá. Veste branco, palha da costa e muitos
brajás;
·
Nànàn Ígbáíyn-
vem nos caminhos de Òmóòlú, Òsúmárè, Íyámí Òsóòròngá, Íkú e Òsáàlá. É a mais
temida devido a sua ligação com a morte e os ancestrais. Veste branco e azul e
representa o centro da terra. É muito quente e agitada, sendo uma grande
guerreira. Segundo os ítóns, seria esta Nànàn eu guerreou com Ògún;
·
Nànàn Ádjápá-
vem nos caminhos de Òsúmárè, Sàngò e Òíyá. Usa uma coroa de búzios. Rege o
fundo dos pântanos e todos os animais que nele vivem. Dona da lama e do barro.
Tem como símbolo o ájápá, pois de certa forma, esse animal é um réptil e se
arrasta e vive na lama e nos pântanos e, mesmo sendo um dos principais animais
sacrificados para Sàngò (òrísá cuja energia é completamente oposta à de Nànàn),
também faz parte do cardápio desse Òrísá;
·
Nànàn Ádjáòsí-
vem nos caminhos de Íyóbà, Òsún e Íyámí Òsóòròngá. É a guardiã do lado esquerdo (òsí, sendo este o lado vinculado ao gênero feminino, enquanto que o lado direito está vinculado ao gênero masculino),
sendo a fundadora da sociedade Ílèkó, juntamente com Íyóbà. Tem muitos
fundamentos com as èléíyés. É guerreira e agressiva, sendo extremamente
feminista, odiando se quer a presença de homens em seu culto. Mora nas águas e
veste azul e branco;
·
Nànàn Òbáíyá-
vem nos caminhos de Òsúmárè e Òsáníyn. Nessa fase, Nànàn está ligada
completamente ao elemento água. É a senhora das chuvas e temporais, sendo a
dona da transformação e da mudança de tempo. Senhora da cabaça e dos búzios. É
adornada de brajás e conchas e veste azul e branco;
·
Nànàn Ábènèjí-
vem nos caminhos de Èsú, Òsàníyn, Òsúmárè e Íyèmònjá. Senhora das plantas em
estado de decomposição que compõem o pântano e, todas as raízes e árvores que
fazem parte desse ambiente. Tem ligação com Íròkò e todos os ancestrais. Veste
lilás e branco;
·
Nànàn Òmíláré-
vem nos caminhos de Òmóòlú, Íyémònjá e Òsáàlá. Nessa fase Nànàn é tida como uma
deusa suprema, senhora das águas, responsável pelo abastecimento do mundo
através da chuva. Senhoras das plantações e da agricultura, sendo ela que nutre
através das águas das chuvas e plantas, evitando que elas morram. Responsável
pelo alimento retirado da terra;
Saudação: Sálúbà! Íbírí!
Sincretismo: Santa Ana;
Oferendas: Feijão preto, camarão, cebola, Mugunzá, etc;
cor: Azul escuro e branco, lilás;
Elemento: Terra e água;
Número: 13 (treze);
òdú regente: Òdílógbón;
Algumas ervas: vassourinha, taioba, mostarda, Òsíbátá;
Dia da semana: Sábado.
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